Otoplastia transforma a vida de pessoas com orelhas de abano

Em 6 anos, mais de 500 pessoas fizeram a cirurgia no Hospital Regional de Taguatinga

correção de orelhas em abano

Na idade escolar, surgem os maiores traumas motivados pelo bullyng (assédio moral). A situação afeta especialmente as pessoas com alguma característica física de realce, como é o caso de quem tem orelhas em abano. Essa condição afeta cerca de 5% da população brasileira, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC) e, por acarretar em problemas psicológicos e sociais, é tratada como uma questão de saúde pública.

“Realmente, me mostro muito, hoje em dia. Meu cabelo é mega curto. Coloco atrás das orelhas. Amo usar ele com penteados, coisas que eu não fazia antes. Tenho mais autoestima, mais vaidade, me sinto bonita”. Quem conta essa história é Raquel da Costa Silva, que, aos 14 anos, viu sua vida transformada pela cirurgia corretiva e, quatro anos depois, esbanja autoestima.

A intervenção em Raquel, e no irmão dela, foram feitas no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) que, desde 2013, realiza cirurgias plásticas para correção de orelhas em abano. Desde o início do programa, cerca de 500 pacientes já passaram pelo procedimento na unidade. Hoje, são realizadas até dez otoplastias por mês no HRT.

ASSÉDIO MORAL – Segundo o otorrinolaringologista Jaime Antonio Siqueira, a orelha de abano é uma deformidade mais estética do que clínica, com graves consequências psicológicas. “Ouvimos muitas queixas de xingamentos, apelidos maldosos, bullyng sofrido desde o início da infância até a fase adulta devido às orelhas em abano. Essa condição levou muitos dos pacientes que nos procuraram à depressão, dificuldades na escola, no convívio social e até no trabalho”, relata o médico.

Raquel, que foi paciente de Jaime Siqueira, conta que também sofreu assédio moral por causa das suas orelhas. “Mesmo eu escondendo com cabelo era bem aparente. E havia muito preconceito por parte de algumas pessoas, apelidos de mau gosto e casos extremos de bullyng. Meus amigos sempre me defendiam, mas eu me sentia muito frágil”.

CIRURGIA – O procedimento é simples e a recuperação inicial dura, em média, duas semanas. A cirurgia atua sobre dois pontos principais: a concha (parte côncava da orelha, que cresce e a projeta para fora) e a anti-hélix (uma das dobras da orelha que não se desenvolve). No pós-operatório, as orelhas ficam doloridas por poucos dias, mas o problema é facilmente controlado com analgésicos.

Atualmente, são realizadas no HRT otoplastias em jovens e adultos encaminhados pelas unidades básicas de saúde, com a recomendação para o procedimento.


Assessoria de Comunicação -Secretaria de Saúde