Combater a desigualdade no acesso ao diagnóstico e ao tratamento é uma das prioridades da luta contra o câncer, para reduzir as mortes prematuras por esta doença, que mata 8,8 milhões de pessoas ao ano, destacou neste domingo (04/02) a União Internacional para Controle do Câncer (UICC).
Por ocasião do Dia Mundial contra o Câncer que é lembrado neste domingo, a UICC ressaltou que para cumprir com este compromisso global é necessário resolver a lacuna existente em matéria de exposição a fatores de risco, de identificação antecipada da população suscetível a desenvolver algum tipo de câncer, de tratamento e de cuidados adequados e precisos.
Segundo esta organização, poderia salvar 3,7 milhões de vidas ao ano com estratégias de prevenção, detecção antecipada e tratamento adequado.
Este desafio também faz parte dos objetivos da Organização Mundial da Saúde (OMS), que pretende reduzir em 25% o número de mortes prematuras por câncer e doenças não transmissíveis até 2025.
O médico André Ilbawi, membro do Departamento da OMS para a Gestão de Doenças Não Transmissíveis, declarou em Genebra que a detecção antecipada é fundamental para um tratamento efetivo e propôs uma série de medidas que contribuiriam para salvar vidas, inclusive nos países com investimentos mais baixos.
Neste sentido, defendeu que se melhore a consciência sobre o câncer nas comunidades e a capacidade de diagnóstico em centros de atendimento primário, além de assegurar que o tratamento seja acessível em nível econômico já que, segundo a OMS, “o câncer não deve ser uma sentença de morte”.
Segundo a UICC, com sede em Genebra, o âmbito com maiores desigualdades é o câncer infantil, com taxas de sobrevivência superior a 80% em países ricos e que não chega a 20% em países de baixa renda.
Além disso, aproximadamente 70% das mortes por câncer acontecem em países em desenvolvimento, que são os piores equipados para fazer frente a esta doença, lembrou na última sexta-feira o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier.
A UICC também apontou que existem desigualdades dentro dos próprios países com rendas médias e altas, onde a população indígena, a imigrante, a rural e a de um nível socioeconômico inferior é a mais desfavorecida.
O acesso à radioterapia é um dos elementos que registra mais desigualdade já que, sendo um dos métodos mais fundamentais de tratamento, 90% dos pacientes com câncer em países de rendas médias e baixas não pode acessá-lo.
A radioterapia é recomendada a 52% dos pacientes de câncer, mas existe uma importante brecha entre a necessidade e a disponibilidade do tratamento por falta de infraestruturas, segundo indicou a UICC.
Como resposta urgente à lacuna global em matéria de igualdade, a UICC lançou a campanha “Tratamento para todos” que pretende impulsionar a ação nacional com o fim de melhorar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento do câncer.
“O tsunami de casos de câncer que se antecipa para as próximas décadas exige uma resposta contundente e firme em todos os níveis, global e nacional”, declarou o diretor-executivo da UICC, Cary Adams.
Para combater a segunda principal causa de morte no mundo, a instituição propõe recopilar dados de maior qualidade para seu uso em saúde pública e um aumento do número de pessoas com acesso à detecção antecipada.
Também sugere que “pelo menos” se garantam serviços de cuidados básicos paliativos e de apoio para as 32,6 milhões de pessoas que vivem atualmente com câncer já que, segundo a OMS, apenas 14% delas recebem estes serviços.
Quase todas as famílias se veem afetadas pelo câncer de uma forma ou outra e se calcula que nos próximos 20 anos o número de casos poderia aumentar em 70%, frisou Lindmeier.
Além disso, se calcula que um de cada três casos de câncer são consequência de uma excessiva massa corporal, uma baixa ingestão de frutas e verduras, a falta de atividade física e do consumo de tabaco e álcool.