Todas as 17 mil portarias serão revogadas e substituídas por seis atos normativos chamado de código.
O Sistema de Saúde Único (SUS) agora possui um código que reúne todas as normas da rede pública. Lançado pelo Ministério da Saúde, nesta quarta-feira (27), o Código do SUS tem como objetivo melhorar as políticas públicas e a transparência, e facilitar a compreensão do cidadão e dos órgãos de controle.
Na análise de 17 mil portarias, menos de 5% traziam normas válidas para o funcionamento do SUS, informa a pasta. Elas serão compiladas em seis portarias divididas por eixos temáticos. O projeto, realizado em parceria com o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass) e com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), está sendo executado pelo Programa de Direito Sanitário da Fiocruz e pela Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB).
“Essa consolidação permite mais transparência, mais acesso do cidadão e da nossa equipe técnica às regras do SUS, facilitando, portanto, a aplicação das normas, sempre com a colaboração dos estados e municípios, para que todos possam ter clareza das regras”, afirmou o ministro da pasta, Ricardo Barros.
Como funcionará
Os pesquisadores apontam que a quantidade de portarias e a falta de uma estrutura normativa adequada burocratizam a execução das políticas de saúde, além de dificultar a compreensão para a implementação das ações e a correta interpretação por parte dos órgãos de controle e Judiciário. Além disso, muitas das portarias existentes são contraditórias, muitas delas já foram revogadas e havia uma mistura de normativas e não normativas.
Das 17 mil portarias analisadas, apenas 700 trazem normativas válidas para o funcionamento do SUS. Todas elas serão revogadas – a previsão é de que seja nesta sexta-feira (29) – e substituídas por outros seis atos normativos, divididos em seis temas conforme sua função e utilização. São eles: organização e funcionamento do SUS, regras gerais da organização do sistema; políticas, conteúdos sobre as 48 políticas públicas de saúde; redes, sobre as 10 organizações temáticas da Rede de Atenção à Saúde; sistemas, sobre os 10 sistemas do SUS; ações e serviços de saúde e, por fim, financiamento.
A primeira etapa, em que foram analisadas 17 mil portarias, focou nas normas publicadas pelo gabinete do ministro. Nas próximas etapas serão consolidas as cerca de 40 mil portarias das secretarias do Ministério da Saúde e as resoluções da Comissão Intergestores Tripartite (CIT). A terceira e última etapa prevê a consolidação normativa.
Todas as portarias serão revogadas, no entanto, o conteúdo normativo ficará intacto. Ao final do projeto, previsto para 2020, o Ministério da Saúde vai publicar o Regulamento do Sistema Único de Saúde, o Código do SUS. Além de dar publicidade, o projeto visa a orientar a organização do SUS de modo sistematizado e que contribua para a garantia do direito fundamental à saúde.