“O que gera a violência?”
Muitas razões têm sido enumeradas: a pobreza, a má distribuição de renda, o altíssimo ideal de consumo de nossa sociedade, o predomínio do TER sobre o SER como critérios de valor do ser humano, etc. Mas estas, em minha opinião, são apenas conseqüências. Acredito que a verdadeira causa está dentro de cada um de nós. Cynthia A. L. Almeida
Rio de Janeiro: moradores de Vila Isabel protestam contra violência
Moradores e comerciantes de Vila Isabel, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, fizeram hoje (7) uma passeata contra a violência no bairro. Vila Isabel é um dos bairros mais tradicionais do Rio de Janeiro, conhecido por sua escola de samba e por ser o berço do compositor Noel Rosa, conhecido como Poeta da Vila.
A região de Vila Isabel, assim como outras áreas da Grande Tijuca, tem sofrido com o aumento de alguns crimes. De janeiro a março, o número de homicídios na região do 6° Batalhão da Polícia Militar (BPM) (responsável pela área) chegou a sete, dois a mais do que no mesmo período de 2016.
Os latrocínios (roubos seguidos de morte) chegaram a quatro nos três primeiros meses do ano, enquanto no mesmo período do ano passado, não havia sido registrada qualquer ocorrência deste tipo.
A letalidade violenta, que inclui todos os tipos de mortes por agressão (inclusive as cometidas por policiais) quase triplicou, subindo de cinco para 14. Apenas na área da 20º Delegacia (Vila Isabel e Grajaú), os casos mais que triplicaram, passando de três para dez.
Na comparação os três primeiros meses de 2016, o roubo a transeunte cresceu 7,3%, passando de 410 para 440 na região. O roubo de veículos aumentou 73%, passando de 137 para 235.
Vestidos de branco e com cartazes contra a violência, os manifestantes caminharam pela Avenida 28 de Setembro, a mais icônica via do bairro. A organizadora da passeata, Raquel Galiazzi, a situação de insegurança da região tornou-se insustentável.
“Eu fui assaltada em outubro na Avenida Radial Oeste [via que corta o bairro]. Uma moto parou ao meu lado e o assaltante bateu no vidro, quando eu abri, ele encostou a arma da minha cabeça. Eu particularmente cansei. Alguém precisa fazer alguma coisa. Se ninguém fizer nada, a gente continua mercê da violência dia a dia”, disse Raquel, que mora há 20 anos no bairro.
O comerciante Anderson Gomes é morador de Del Castilho, mas levou a filha de três anos para o ato porque tem um estabelecimento comercial no bairro. “Graças a Deus nunca fui vítima de violência aqui, mas meus vizinhos já passaram por muita coisa: roubo, troca de tiros. Estou aqui não apenas pelo meu comércio, mas para lutar pela paz na Vila [Isabel] e no Rio de Janeiro”, disse.
Segundo a Polícia Militar (PM), o comando do Batalhão da Tijuca (6º BPM) está atento às estatísticas e atuando através de rondas e ações estratégicas, como o posicionamento de policiais em alguns pontos, patrulhamento de ruas do bairro e revistas em suspeitos. No primeiro trimestre do ano, foram feitas 120 prisões e apreendida 19 armas, segundo a PM.
A PM informou ainda que o comando do batalhão participa de reuniões mensais do Conselho Comunitário de Segurança, onde são tratadas as demandas de segurança pública da região. Um celular com WhatsApp está à disposição da população para denúncias: (21) 995-454-424.
Além disso, a institução pede que a população faça o registro do crime na delegacia porque isso ajuda no planejamento das ações de segurança do batalhão local.
Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil