O que é sepse?
A sepse é uma resposta sistêmica do organismo a uma infecção qualquer, que pode ser causada por bactérias, vírus, fungos ou protozoários.
O sistema imunológico tende a entrar em ação para atacar a infecção e impedi-la de se espalhar. Se a sepse conseguir avançar pelo corpo, o sistema de defesa do organismo lança uma resposta inflamatória sistêmica na tentativa de combatê-la.
Essa reação também representa um grande problema, uma vez que pode ter efeitos devastadores no organismo.
Se não diagnosticada e tratada rapidamente, pode comprometer o funcionamento de um ou vários órgãos do paciente e leva-lo à morte.
Qualquer processo infeccioso – seja uma pneumonia ou infecção urinária – pode evoluir para um quadro de sepse.
No Brasil, a síndrome de sepse, é responsável por cerca de 233 mil óbitos em UTIs, sendo desconhecida por nove em cada dez pessoas.
De acordo com a pesquisa, encomendada pelo Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS), realizada em 134 municípios brasileiros, 93,4% dos entrevistados nunca tinham ouvido falar sobre a doença, mais conhecida como infecção generalizada ou septicemia.
Quais são os sintomas?
– Fala arrastada
– Tremores extremos ou dores musculares
– Baixa produção de urina (passar um dia sem urinar)
– Falta de ar grave
– Sensação de que pode morrer
– Pele manchada ou pálida
Já os sintomas em crianças pequenas incluem:
– Aparência manchada, azulada ou pálida
– Muito letárgico ou difícil de acordar
– Pele fria fora do normal
– Respiração muito rápida
– Erupção cutânea que não desaparece quando você pressiona
– Convulsão
“Os sintomas não são específicos, é difícil para a população em geral suspeitar que possa estar com sepse. Muita gente demora a procurar atendimento porque acha que os sintomas fazem parte do próprio quadro de infecção”, afirma o intensivista Luciano Azevedo, presidente do ILAS.
“Assim, todas as pessoas que estão com uma infecção e apresentam pelo menos um dos sinais de alerta (citados acima) devem procurar imediatamente um serviço de emergência ou seu médico”, recomenda.
O especialista lembra que idosos, crianças de até dois anos e pacientes com doença crônica não controlada ou deficiência do sistema imunológico apresentam um risco maior de desenvolver um quadro de sepse.
Por que a mortalidade é tão alta?
Estudo realizado em 2014 pelo ILAS mostra que são registrados por ano 419.047 casos de sepse em UTIs brasileiras, sendo que 55,7% (233.409) destas ocorrências resultam em óbito.
De acordo com Azevedo, a alta taxa de mortalidade pode ser explicada por uma série de fatores. Primeiramente, pela falta de conhecimento da população em relação à doença e seus sintomas, o que leva à procura de atendimento médico tardio.
Uma vez no hospital, os pacientes se deparam muitas vezes com o despreparo dos próprios profissionais de saúde em fazer o diagnóstico precoce da doença, considerado fundamental para o sucesso do tratamento.
“Na sepse, à medida que o comprometimento sistêmico avança, aumenta muito a chance de o paciente não sobreviver ao tratamento. Diagnóstico e tratamento precoces salvam vidas”, explica trecho da publicação Sepse: um problema de saúde pública, elaborada pelo ILAS, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, com o objetivo de orientar profissionais da saúde em relação à doença.
Além disso, existe a falta de infraestrutura da rede hospitalar – principalmente das emergências.
“Acredita-se que o número inadequado de profissionais para atendimento, ou seja, muito paciente para poucos médicos, e a dificuldade de acesso aos leitos das UTIs também colaboram para a elevada taxa de mortalidade”, completa Azevedo.
Tratamento
O tratamento da sepse deve ser realizado idealmente em unidades de terapia intensiva, onde são administrados antibióticos para combater o foco da infecção.
A redução da carga bacteriana é fundamental para o controle da resposta inflamatória – condutas que visam à estabilização do paciente são consideradas prioritárias e devem ser tomadas imediatamente.
Em alguns casos, são necessárias ainda medidas de suporte, como a hemodiálise por causa da insuficiência renal ou a ventilação mecânica para controlar uma possível insuficiência respiratória.
“Esse tratamento de suporte substitui as funções do organismo que estão prejudicadas, enquanto o antibiótico faz efeito. E é fundamental que o paciente esteja sempre monitorado, em decorrência das complicações que pode vir a ter”, explica Azevedo.