Todos morreremos. Segundo a Bíblia, até Jesus passou por ela no “vale da sombra da morte”.
Diferentemente de Jesus, muitos de nós passaremos antes do “vale da sombra da morte” pelo SUS – Sistema Único de Saúde da morte.
Analisando os laudos médicos de causa morte de pacientes de dois grandes hospitais do Distrito Federal (Hospitais de Base e do Gama), constatamos que a grande maioria dos óbitos se deveu por parada cardiorrespiratória.
Sendo este laudo mais fácil de ser atestado pelos médicos em razão da falta de equipamentos, remédios, falta de resultados diagnósticos de imagens e laboratoriais em tempo, afim de se evitar um agravamento do quadro dos pacientes e sua morte.
Por exemplo, centenas de pacientes necessitam fazer hemodiálise na rede pública de saúde, só que a mesma não tem suporte, equipamentos e recursos humanos suficientes para atender essa demanda, esses pacientes tendem a agravar o quadro, tendo por seu fim a morte.
A perda da função renal pode provocar doenças cardíacas, isso pode acontecer porque o sangue limpo volta ao coração por uma veia renal, e quando o rim não funciona direito, ele deixa de eliminar as substâncias (toxinas) que causam inflamações no coração.
Neste contexto, entre outros, a melhor forma de o profissional responsável por carimbar e atestar a causa morte em não se comprometer nem com um lado (família) nem com o outro (justiça), é escrever o óbvio dos óbvios, “paciente evoluiu a óbito em razão de parada cardiorrespiratória às 00h45”.
É triste, mas é a pura realidade que nós usuários da rede pública (SUS) estamos vivenciando.