Uma doença que causa fortes dores musculares preocupa as autoridades de saúde da Bahia, sobretudo, em Salvador e no litoral Norte. A Secretaria de Saúde (Sesab) divulgou um alerta epidemiológico às unidades de atendimento em saúde e aos profissionais da área.
Segundo o documento, a doença é uma “possível variação de mialgia epidêmica”, que causa “fortes dores na região cervical, região do trapézio, seguidas de dores musculares intensas nos braços, dorso, coxas e panturrilhas”.
Médicos da secretaria registraram até hoje (20), 22 pacientes com sintomas semelhantes. Outro sintoma que chama atenção é a cor da urina – parecida com refrigerante de cola, pela cor escura -, em alguns casos. Além disso, alguns pacientes são da mesma família, o que levou a Sesab a sugerir que a transmissão pode ocorrer por “contato ou gotículas”.
A Sesab foi procurada pela Agência Brasil para indicar um médico infectologista que tenha atendido pacientes com a doença, para que ele fale sobre os sintomas e como é feito o tratamento. No entanto, a secretaria alegou que não indicaria um profissional para falar, porque “os casos ainda estão sendo investigados pelos órgãos competentes”.
Causas não confirmadas
Na busca de uma causa para o surto, populares e especialistas levantam a hipótese de peixe contaminado como possível causa da doença que não apresenta dor de cabeça e febre como sintomas, o que foi considerado porque, de acordo com a Secretaria de Saúde, 14 dos 22 pacientes relataram ter comido peixe, enquanto que os demais não recordam ou não comeram.
Para que as causas sejam confirmadas, o alerta emitido pela Sesab recomenda aos profissionais de saúde que recolham amostras de sangue dos pacientes com os sintomas descritos para que sejam avaliadas em laboratório. Nos casos que já foram notificados, algumas amostras estão sob avaliação do Laboratório de Virologia, do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia.
Indícios de vírus nas amostras
Um dos responsáveis pela análise laboratorial é o pesquisador Gúbio Soares, que relata ter encontrado indícios de um vírus nas amostras, o que ainda precisa ser mapeado e comprovado.
“A hipótese que eu defendo é a de um vírus e não essa que muitos levantam que pode ser um peixe intoxicado. Esses vírus se transmitem por via oral, por alimentos contaminados, como peixe, alface ou qualquer outra coisa. Não é necessariamente o peixe. As pessoas falam sem saber, por dedução, e nenhum peixe foi capturado ou examinado para que essa hipótese fosse considerada. Só há especulações e eu não considero o peixe contaminado como principal hipótese”, disse Soares.
Ele lembra que o vírus, cujos vestígios foram encontrados nas amostras, já causou surto de doença em outros países como Japão, França, Dinamarca. A partir de conversas com médicos que atenderam pacientes com os sintomas, o pesquisador informou que foram relatados aumentos de determinada enzima, dores comuns da doença e urina escura.
“Os médicos reportaram que os sintomas são muito parecidos e ninguém pode deixar isso de lado. Deve-se procurar atendimento e não tomar antiinflamatórios, para evitar o agravamento da situação”, finaliza o pesquisador, que espera o resultado das análises até o fim do ano.
Sayonara Moreno – Correspondente da Agência Brasil EBC