Representantes dos servidores públicos que atuam na saúde pública do Distrito Federal questionaram duramente a gestão do sistema e a intenção do GDF de contratar organizações sociais (as chamadas OSs) para “compartilharem” a administração dos hospitais e postos de saúde, durante audiência pública da Comissão de Fiscalização, Transparência e Controle da Câmara Legislativa, realizada nesta quinta-feira (7). O evento contou com a presença do secretário de Saúde do DF, Humberto Fonseca, que defendeu a necessidade de o DF mudar o modelo de gestão, com a entrada das organizações sociais. O secretário enfatizou a necessidade de adesão às OSs, lembrando que todas as grandes capitais do País já o fizeram, a maioria com resultados positivos. Ele ressaltou que a medida traria mais agilidade e eficiência na prestação de serviços aos usuários.
“É conversa fiada essa história de que a privatização dos serviços da saúde vai trazer benefícios para a população. Onde as OSs entraram o atendimento piorou, pois elas acabam maquiando a realidade. Não existe essa história que não visam lucros. Não podemos entregar a chave da nossa casa para terceiros tomarem conta, transferindo essa responsabilidade”, protestou a presidente do SindSaúde (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília), Marli Rodrigues. “Por que, em vez de contratar essas OSs, não são adotados procedimentos para tornar mais rápido o processo de compra de medicamentos?”, indagou.
Em tom de desabafo, a sindicalista cobrou do secretário de Saúde medidas urgentes para garantir o funcionamento pleno do atendimento de urgência na pediatria do Hospital Regional do Gama, lembrando que sempre os servidores acabam sendo responsabilizados pelos usuários pela falta de pediatras no local. “Os pacientes têm que ser transferidos para Santa Maria”, reclamou, onde fizeram uma “falsa inauguração”. Marli Rodrigues disse ainda que faltam reagentes nos laboratórios para que os pacientes realizem cirurgias. “A Secretaria anuncia que quer contratar laboratórios privados para suprir a demanda, afirmando que é mais barato, mas os pacientes não podem esperar”, reclamou.
O presidente do Conselho de Saúde do DF, Helvécio Ferreira, também condenou o modelo de gestão da saúde, ao longo dos anos, e criticou a proposta de contratação das organizações sociais. Ele ressaltou que o governo deveria investir na implantação de um modelo de prevenção contra doenças, com planejamento e melhor infraestrutura dos serviços. “Do jeito que está hoje, não corre o menor risco de dar certo”, ironizou. Ele pregou ainda a descentralização do sistema e mais diálogo com os servidores para o atendimento das reais demandas da população.