Durante sessão solene da Câmara Legislativa em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down, nesta segunda-feira (21), representantes da Secretaria de Saúde do DF anunciaram a abertura de consulta pública para uma linha de cuidado integral das pessoas com Down. Conforme explicou a secretária-adjunta da pasta, Eliene Berg, o objetivo é oferecer apoio em todos os ciclos de vida das pessoas, desde o exame de identificação da síndrome.
A consulta pública ficará aberta à participação de toda a sociedade pelos próximos 60 dias. “Isso é um marco para o Centro de Referência Interdisciplinar em Síndrome de Down (Cris Down)”, diz a coordenadora do programa do GDF, Moema Arcoverde.
Centro de tratamento especializado para pessoas com Síndrome de Down, o Cris Down funciona desde 2013 no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), oferecendo assistência com várias especialidades necessárias para a manutenção física e emocional dos atendidos. Segundo Berg, o centro registra 1,8 mil atendimentos por mês, sendo o maior da América Latina.
“Um dos princípios do SUS é a equidade, e é o que o Cris Down faz”, elogia a médica Ana Patrícia de Paula, responsável pela superintendência Centro-Norte da Secretaria de Saúde. “Tratar o paciente é tratar toda a família”, acrescenta.
Inclusão – “A luta acontece a passos lentos, é preciso inserir o tema no centro do debate e das decisões. E é o que procuramos fazer aqui no Parlamento”, afirma o autor da homenagem, deputado Robério Negreiros (sem partido). O distrital elencou uma série de proposições legais em sintonia com o combate ao preconceito, como a lei que prevê multas às escolas que cobrarem mais pela matrícula de estudantes com deficiência.
Negreiros destacou também projeto de lei que estabelece um percentual mínimo de pessoas com deficiência na publicidade oficial do GDF, com vistas a aumentar a inclusão e a autoestima do segmento. “O governo havia vetado todo o PL, mas derrubamos o veto com 16 votos, e a lei deverá ser promulgada nos próximos dias”, informou.
Diversos profissionais com Síndrome de Down se manifestaram durante a sessão solene. “Não tenho doença. Tenho uma síndrome”, fez questão de reforçar a pedagoga Érika Nublat, que desde 2010 trabalha no gabinete do deputado Robério Negreiros redigindo discursos. “É muito bom sair de casa para trabalhar. Sou a primeira pessoa com Down a trabalhar na Casa”, completou.
“A inclusão é importante para todos. Um de seus benefícios é a conscientização da sociedade para a valorização da diversidade”, destacou Jéssica Figueiredo, que tem Síndrome de Down e trabalha como fotógrafa da Secretaria de Direitos Humanos (SDH). Para ela, a escola é fundamental no processo de inclusão: “Sempre estudei em escolas comuns, junto com pessoas com e sem deficiência. Isso é uma das funções da escola”. Defensora da educação inclusiva, Jéssica lança hoje à tarde, no Senado, uma exposição fotográfica sobre o assunto.
Outras pessoas com Down também tiveram voz durante a homenagem. Houve representantes da capoeira, das artes plásticas, da literatura, do serviço público e da moda. “São pessoas capazes, que precisam ser inseridas no mercado de trabalho”, concluiu Negreiros.