Dentro de cada célula de nosso corpo existe um forno chamado de mitocôndria. Imagine-se diante de um fogo quente e crepitante. Ele queima com segurança e tranquilidade a maior parte do tempo. Mas, de quando e quando, lança cinzas que caem em seu tapete e abrem nele pequenos buracos. Uma única cinza não oferece muito perigo; mas se essas centelhas e estouros continuarem mês após mês, ano após ano, você acabará com um tapete esfarrapado em frente à lareira.
De modo similar, essa estrutura microscópica dentro da célula – a mitocôndria processa o oxigênio pela transferência de elétrons para gerar energia na forma de ATP, liberando água como subproduto. Essas reações químicas ocorrem sem problemas em 98% das vezes. Porém, a complementação total de quatro elétrons necessária para reduzir o oxigênio para água nem sempre ocorre como o planejado, e um “radical livre” se produz.
As cinzas da lareira representam os radicais livres, e o tapete representa seu corpo. A parte de seu corpo que receber o maior dano por radicais livres será a primeira a se desgastar e, potencialmente, a desenvolver doenças degenerativas. Se forem os seus olhos, você pode desenvolver degeneração macular ou catarata. Se forem seus vasos sanguíneos, você pode ter um ataque cardíaco ou um AVC. Se for o espaço em suas articulações, você pode desenvolver artrite. Se for seu cérebro, você pode desenvolver o mal de Alzheimer ou de Parkinson. Com o passar do tempo, nossos corpos podem ficar como aquele tapete em frente à lareira: todo danificado. Acabamos de imaginar juntos o lado “límpido” do oxigênio e da vida que ele traz ( como o calor do fogo ), mas não podemos negar o resto da história. Essa é a parte sobre a qual muitos de nós nunca ouviram falar: os danos que os radicais livres desordenados causam, conhecidos também como estresse oxidativo. Esse estresse oxidativo é a causa subjacente de quase todas as doenças degenerativas crônicas. Embora isso tudo ocorra internamente, é muito mais fácil observar o estresse oxidativo que se dá na superfície externa do corpo, a pele. Você já viu um retrato de família que reunisse várias gerações? Se olhar de perto a pele dos fotografados, verá a significativa diferença entre a pele do membro mais jovem e a do membro mais velho da família. O efeito que você vê se deve ao estresse oxidativo da pele. A mesma decadência ocorre no interior de nossos corpos.
O Lado Negro do Oxigênio
Como eu disse, estamos descobrindo, por meio de pesquisas bioquímicas, que a causa subjacente das doenças degenerativas e, provavelmente, do próprio processo de envelhecimento, é o estresse oxidativo causado pelos radicais livres. Quimicamente, demonstrou-se que a ação violenta desses radicais livres provoca explosões de luz. Se não forem neutralizados a tempo, os radicais livres geram uma reação em cadeia que pode ocasionar condições perigosas. Você sabia que existe literalmente uma guerra sendo travada dentro de seu corpo? Durante o consumo cotidiano e silencioso do oxigênio, ocorre uma batalha vital. Podemos, assim, interpretar essa tal guerra definindo os papéis específicos de seus fascinantes e bem destacados personagens no metabolismo de nosso corpo:
O Inimigo: Radicais Livres
Os Aliados: Antioxidantes
Por trás das Linhas: Nutrientes de Apoio – os cofatores B (B1, B2, B6, B12 e o ácido fólico) e os minerais antioxidantes. São como as linhas de suprimento de combustível, munição e alimentos, e os mecânicos que mantêm as máquinas operando em situações de combate. Reforços do Inimigo: Condições que aumentam o número de radicais livres produzidos pelo corpo, como poluentes do ar, da comida e da água; estresse excessivo, maus hábitos de exercícios e assim por diante.
MASH: Unidade de reparo das alterações causadas pelos Radicais Livres.
Os radicais livres são, em sua maioria, moléculas ou átomos de oxigênio que possuem, no mínimo, um elétron solitário (ou desemparelhado) na órbita externa. No processo de utilização do oxigênio durante o metabolismo intracelular normal para a produção de energia (chamado de oxidação), criam-se os radicais livres, também denominadas espécies reativas de oxigênio. Em essência, eles possuem uma carga elétrica e tentam arrancar um elétron de qualquer molécula ou substância nas proximidades. Sua movimentação é tão violenta que já se demonstrou quimicamente que eles geram fagulhas de luz dentro do corpo. Se esses radicais livres não forem neutralizados rapidamente por um antioxidante, poderão criar outros radicais livres ainda mais voláteis ou causar danos à membrana celular, à parede dos vasos sanguíneos, às proteínas, às gorduras ou mesmo ao núcleo de DNA das células. A literatura científica e médica chama esses danos de estresse oxidativo.
Nossos Aliados: Os Antioxidantes
Deus não nos deixou indefesos frente às arremetidas dos radicais livres. Na verdade, quando observo a intrincada complexidade de nosso sistema defensivo antioxidante, sinto uma imensa gratidão por quão maravilhosa e magnificamente somos feitos. Temos, a bem dizer, nosso próprio exército de antioxidantes, que são capazes de neutralizar os radicais livres e torná-los inofensivos. Os antioxidantes são como as portinholas de vidro ou as telas de arame fino que instalamos em frente à lareira. As fagulhas (os radicais livres) ainda voarão; todavia, seu tapete (seu corpo) estará protegido. Um antioxidante é qualquer substância que possa liberar um elétron para um radical livre e compensar o elétron desemparelhado, o que neutraliza esse radical livre. Mesmo nosso corpo tem a capacidade de criar antioxidantes próprios. Na verdade, o corpo gera três grandes sistemas defensivos antioxidantes: o superóxido dismutase, a catalase e a glutationa peroxidase. Não é importante que você memorize esses nomes, mas é importante que perceba que possuímos um sistema natural de defesa antioxidante. Nosso corpo, contudo, não produz todos os antioxidantes de que necessitamos. O restante deve provir da alimentação ou, como você verá, dos suplementos nutricionais. Desde que haja antioxidantes disponíveis em quantidades compatíveis com o número de radicais livres produzidos, nenhum dano é infligido a nosso corpo. Mas quando há mais radicais livres sendo produzidos do que a quantidade disponível de antioxidantes, ocorre o estresse oxidativo. Quando essa situação persiste por um período prolongado, podemos desenvolver uma doença degenerativa crônica e começar a perder a guerra interior. O equilíbrio é a chave para vencer essa guerra sustentada. Devemos manter a ofensiva e a defensiva equiparadas. Para vencer, nosso corpo precisa estar sempre armado com mais antioxidantes do que radicais livres. A maioria dos antioxidantes que obtemos advém de vegetais e frutas. Os antioxidantes mais comuns são a vitamina C, a vitamina E, a vitamina A e o betacaroteno. Podemos obter diversos outros antioxidantes de nossa alimentação; esses incluem a coenzima Q10, o ácido alfalipóico e os coloridos antioxidantes flavonóides. É importante compreender que os antioxidantes funcionam em sinergia uns com os outros para desarmar radicais livres em áreas distintas do corpo. A exemplo dos posicionamentos variados das defesas militares, cada um desses antioxidantes tem funções específicas. Alguns chegam a ter a capacidade de regenerar outros antioxidantes, podendo neutralizar um número maior de radicais livres. Por exemplo, a vitamina C é solúvel na água, sendo portanto o antioxidante ideal para lidar com radicais livres no sangue e no plasma. A vitamina E é solúvel na gordura, sendo o melhor antioxidante dentro da membrana celular. A glutationa é o melhor antioxidante dentro da célula em si. O ácido alfalipóico funciona tanto dentro da membrana celular como no plasma. A vitamina C e o ácido alfalipóico têm a capacidade de regenerar a vitamina E e a glutationa, de modo que essas possam ser reutilizadas. Quanto mais antioxidantes, melhor! Nossa meta é ter antioxidantes em número mais do que suficiente para neutralizar os radicais livres que produzimos. Isso só ocorrerá se tivermos um exército completo e equilibrado de antioxidantes disponível a todo momento.
Por Trás das Linhas
Todo exército precisa de um sistema de apoio por trás das linhas de batalha – isso é fundamental para o resultado final de uma guerra. Ter simplesmente quantidades adequadas de antioxidantes (ou soldados) disponíveis para neutralizar os radicais livres que produzimos não é o suficiente. Os soldados precisam continuamente de suprimentos – munição, comida, água e vestimentas – para que deem o máximo de si. Os soldados antioxidantes requerem a disponibilidade de outros nutrientes em quantidades adequadas para cumprirem seu dever nas linhas de frente contra a ameaça dos radicais livres. Eles precisam de quantidades suficientes de minerais antioxidantes como o cobre, o zinco, o manganês e o selênio, que ajudam em suas reações químicas e lhes permitem realizar seu trabalho com eficiência. Se não houver minerais suficientes disponíveis, o estresse oxidativo poderá ocorrer. Para desempenhar adequadamente sua função, os antioxidantes também precisam de certos cofatores em suas reações enzimáticas. Os cofatores são o sistema de suporte militar, como os mecânicos ou oficiais de suprimentos, os caminhões de combustível e os fabricantes de munição. Esses são primariamente os cofatores B: o ácido fólico e as vitaminas B1, B2, B6 e B12. Precisamos de um bom estoque tanto de minerais antioxidantes como de cofatores para termos alguma esperança de vencer a guerra interior. O campo de batalha é, na verdade, mais complicado do que acabo de descrever. Note que o número de radicais livres que produzimos nunca é constante. A produção de radicais livres varia no processo diário do metabolismo normal e da redução do oxigênio, e nosso sistema defensivo nunca sabe exatamente com quantos radicais livres terá de se defrontar a cada dia. Muitos fatores podem aumentar a quantia de radicais livres que produzimos e que devemos, por conseguinte, neutralizar. O que ocasiona a produção de mais radicais livres do que nosso corpo pode combater? Essa questão me levou a horas e horas de
pesquisa. Aprendi a recorrer às diferentes fontes de radicais livres para descobrir a resposta. Discutamos agora esses réus.
O Que Gera Radicais Livres
Exercícios Excessivos
Em The Antioxidant Revolution, o dr. Kenneth Cooper salientou o fato de que exercícios excessivos podem aumentar significativamente a quantidade de radicais livres que nosso corpo produz. O dr. Cooper ficou muito preocupado ao notar que um grande número de atletas esforçados morria prematuramente de ataques cardíacos, AVC’s e câncer. Tratava-se de indivíduos que haviam corrido trinta ou quarenta maratonas durante a vida, mantendo ao mesmo tempo um extenso programa de exercícios diários. Durante sua pesquisa para o livro sobre antioxidantes, o dr. Cooper descobriu o dano potencial que o excesso de exercícios pode ocasionar. Quando nos exercitamos suavemente ou com moderação, o número de radicais livres que você e eu produzimos eleva-se somente um pouco. Em contraste, quando nos exercitamos demais, a quantidade de radicais livres que produzimos vai às alturas, aumentando exponencialmente. The Antioxidant Revolution encerra-se alertando seus leitores de que exercícios excessivos podem, na verdade, ser nocivos à saúde, especialmente se os praticarmos por anos a fio. O dr. Cooper recomenda a todos um programa moderado de exercícios, mas também sugere que todos tomem antioxidantes na forma de suplementação. Somente os atletas sérios devem fazer exercícios desgastantes, e precisam equilibrá-los com quantidades significativas de suplementos antioxidantes.
Estresse Excessivo
Como no caso dos exercícios, uma quantidade suave ou moderada de estresse emocional não produz senão um pequeno aumento nos radicais livres. O estresse emocional severo, contudo, faz com que o número de radicais livres suba significativamente, provocando o estresse oxidativo. Já notou que você costuma adoecer quando se encontra sob grande pressão? Quantas vezes soube de um amigo ou familiar próximo que, estando submetido a grande estresse por períodos prolongados, descobriu ter desenvolvido câncer ou sofreu um primeiro ataque cardíaco? Não tenho muitos pacientes que correram várias maratonas durante a vida, mas tenho centenas de pacientes sob estresse emocional prolongado. As pressões financeiras, profissionais e pessoais complicaram tanto nossas vidas que o estresse emocional tornou-se o fator de saúde mais significativo dentre os que encontro em minha prática clínica. Quando você compreender a gravidade do estresse oxidativo, começará a entender os perigosos efeitos que tem o estresse emocional prolongado em sua saúde, e poderá começar a combatê-lo.
Poluição do Ar
O ambiente tem uma influência tremenda na quantidade de radicais livres que nosso corpo produz. A poluição do ar é uma das principais causas de estresse oxidativo em nossos pulmões e em nosso corpo. Hoje, quando você vai para uma grande cidade, não somente pode ver a névoa espessa: pode senti-Ia. Lembro-me de meus dias na Faculdade de Medicina da Universidade do Colorado, em 1970. Durante minha estada Qa unidade de neurologia, eu tinha de fazer a ronda às 6 horas da manhã. Antes de começar, eu ia até as janelas do oeste e admirava o nascer do sol, cuja luz se refletia nas belas Montanhas Rochosas. Em seguida, eu iniciava minha ronda, que levava em torno de duas horas todos os dias. Após terminá-la, voltava correndo àquela bela vista das montanhas antes da primeira aula de medicina. Para meu espanto, eu, frequentemente, quase não podia ver as montanhas àquela hora. Tudo o que podia ver eram algumas silhuetas brancas através da névoa espessa. Que mudança drástica ocorria durante as duas horas em que as pessoas se dirigiam até o trabalho! Os efeitos da poluição do ar sobre a saúde têm suscitado considerável preocupação. A poluição do ar contém ozônio, dióxido de nitrogênio, dióxido de enxofre e diversas moléculas hidrocarbonadas, todas as quais geram uma quantidade significativa de radicais livres. Quando você se expõe a tais toxinas dia após dia, elas passam a ter um efeito acentuado sobre sua saúde. A poluição do ar mostrou-se relacionada às causas da asma, da bronquite crônica, dos ataques cardíacos e mesmo do câncer. Compreender o estresse oxidativo como a causa oculta de todas essas doenças nos permite desenvolver uma estratégia para proteger-nos dos efeitos nocivos da poluição do ar. Devemos considerar um outro aspecto da poluição dos ar: a exposição profissional a poeiras minerais como as fibras de asbesto. A presença das fibras ferrosas do asbesto pode gerar ainda mais radicais livres. Demonstrou-se que a exposição continuada pode causar câncer do pulmão e fibrose intersticial (uma grave cicatriz pulmonar). Existem muitos outros riscos de ordem profissional: os fazendeiros estão expostos à poeira fina em seus celeiros e descaroçadores; os operários industriais estão expostos a várias substâncias químicas e à poeira fina em seu trabalho. É desnecessário dizer que a qualidade do ar que respiramos é um fator fundamental para nossa saúde.
Tabagismo
Pode-se presumir que os nevoeiros de poluição e as substâncias químicas sejam a maior ameaça cotidiana a nossa saúde. Mas você acreditaria que a maior causa do estresse oxidativo em nossos corpos é a fumaça de cigarros e charutos? É verdade. O ato de fumar já foi associado ao aumento do risco de asma, enfisema, bronquite crônica, câncer do pulmão e doenças cardiovasculares. Todos sabemos das consequências do fumo para a saúde, mas é fascinante saber que o problema básico é a quantidade de estresse oxidativo que o fumo produz em nosso corpo. A fumaça de cigarro contém diversas toxinas diferentes, sendo que todas aumentam a quantidade de radicais livres que surgem não somente em nossos pulmões, mas também por todo o nosso corpo. Nenhum outro hábito ou vício afeta mais dramaticamente nossa saúde geral do que o fumo. Não conheço nada mais viciador do que a nicotina. Quando o dr. C. Everett Koop, cirurgião-geral dos Estados Unidos, disse que o fumo era um vício, e não um hábito, ele mudou para sempre o modo como consideramos o ato de fumar. Como? Ele informou o público sobre as características viciadoras da nicotina, das quais a indústria de tabaco provavelmente já tinha ciência havia meio século. Na verdade, há grandes evidências de que é possível viciar-se em nicotina em um prazo de duas a três semanas. É surpreendente, então, que seja tão difícil para as pessoas parar de fumar? Descobri que é muito mais difícil para meus pacientes abandonar o fumo do que parar de beber álcool. Acredito que o custo absurdo e de longo alcance imposto a nossa saúde pelo tabagismo seja
muito superior ao que podemos estimar. E quanto ao tabagismo passivo? Pesquisas médicas hoje demonstram que pessoas consideravelmente expostas à fumaça secundária têm maior risco de asma, enfisema, ataques cardíacos e mesmo câncer do pulmão. É essa a razão pela qual há tantas leis aprovadas contra o fumo de cigarros em locais públicos. Você se expôs recentemente a algum grupo de pessoas fumando em um ambiente fechado? Lembro-me de ter ido buscar minha filha na faculdade o mês passado. Tive de parar em uma cidadezinha para encher o tanque com gasolina. Quando entrei na cabine do posto para pagar pelo combustível, havia seis moradores locais em torno de uma mesinha, todos fumando enquanto bebericavam café. Eu mal podia respirar sem tossir. Na verdade comecei a sentir-me enjoado. Para as pessoas não habituadas à fumaça de cigarro, seus efeitos são muito mais reconhecíveis. Estou certo de que houve momentos e situações em que você teve experiências similares. Não é necessário ter muita imaginação para saber que, caso você se exponha diariamente à fumaça secundária, ela acabará tendo um grande impacto em sua saúde.
Poluição da Comida e da Água
Você tem sede? Em 1988 o Departamento de Saúde Pública dos Estados Unidos alertou que 85% da água potável norte-americana estava contaminada. E não creio que as coisas tenham melhorado ao longo da última década. Mais de 50 mil substâncias químicas diferentes contaminam hoje nosso suprimento de água. Eis um fato assustador: as estações medianas de tratamento de água só conseguem identificar de 30 a 40 dessas substâncias. Além disso, metais pesados como o chumbo, o cádmio e o alumínio contaminam a maior parte de nosso suprimento de água. Mais de 55 mil despejos químicos regularizados nos EUA, além dos 200 mil despejos irregulares que se calcula existirem, estão vazando até a rede de água por toda a nação. Quando ingerimos essa água contaminada, a produção de radicais livres aumenta consideravelmente. Os americanos recorrem hoje a quantidades, sem precedentes, de água engarrafada, filtrada e destilada. Mas você precisa saber o seguinte: exceto no caso da água destilada, não há meios de conhecer a qualidade da água pela qual você vem pagando tão caro, por tratar-se de um setor totalmente desregulamentado. Desde a Segunda Guerra Mundial, mais de 60 mil novas substâncias químicas foram introduzidas em nosso meio ambiente. Não menos do que mil substâncias novas chegam ao meio ambiente todos os anos. Herbicidas, pesticidas e fungicidas são usados na produção da maior parte de nossos alimentos. A pesquisa médica demonstrou que todas essas substâncias químicas geram aumento do estresse oxidativo ao serem consumidas. Algumas são mais perigosas do que outras, mas todas apresentam riscos potenciais à saúde. Essas substâncias permitiram que nosso mercado de alimentos produzisse o mais abundante suprimento de comida jamais visto. Mas qual o custo disso para nossa saúde?
Luz Ultravioleta
É um fato conhecido o de que antes dos 20 anos a pele das pessoas já sofreu dois terços da exposição ao sol que sofrerá ao longo da vida. Isso significa que você, o leitor deste livro, provavelmente já expôs sua pele aos nocivos raios ultravioleta do sol. Diversos estudos demonstraram que a luz ultravioleta produz um aumento dos radicais livres na pele das pessoas. Já está comprovado que esses, por
sua vez, têm a capacidade de danificar o DNA das células da pele, o que provoca o câncer de pele. Esses estudos proporcionam a melhor evidência direta de que o estresse oxidativo leva ao desenvolvimento de câncer. A luz ultravioleta B é a maior responsável pelos nocivos raios solares, mas tanto ela como a luz ultravioleta A aumentam a produção de radicais livres na pele, causando portanto estresse oxidativo na pele. Ao aplicar seu protetor solar favorito, que contém um fator de proteção 30 ou maior, você está se protegendo, sobretudo dos raios UVB. Isso nos permite ficar ao sol por mais tempo porque não somos queimados por ele. Mas esses protetores não oferecem muita proteção – se é que oferecem alguma – contra os raios UVA, os quais geram um número significativamente maior de radicais livres em áreas mais profundas da pele. Isso pode explicar em parte por que vimos quintuplicar-se os casos de praticamente todos os tipos de câncer da pele durante os últimos 20 anos. Finalmente estamos vendo no mercado protetores solares que oferecem abrigo contra raios tanto UVA como UVB. Evidentemente, é esse o tipo de protetor que você deve comprar para se proteger, e a seus filhos, tanto de queimaduras do sol como do câncer de pele. Recomendo que todos fiquem atentos ao surgimento de quaisquer intumescências ou mudanças nas pintas pigmentadas da pele.
Medicamentos e Radiação
Todo medicamento que prescrevo causa um aumento de estresse oxidativo no corpo. Drogas quimioterapêuticas e radioterapias funcionam sobretudo causando danos por estresse oxidativo às células cancerosas, o que as mata. É essa a principal razão por que os pacientes acham esses tratamentos tão difíceis de tolerar. O aumento de estresse oxidativo também causa danos colaterais às células normais. É importante lembrar que toda droga é essencialmente uma substância estranha ao corpo, e que esse precisa trabalhar mais para metabolizá-la e eliminá-la. Isso impõe maior demanda a muitos dos processos metabólicos do fígado e do organismo como um todo. Como consequência, ocorre maior produção de radicais livres e aumenta a possibilidade de surgimento de estresse oxidativo. O mundo industrializado do século XXI tornou-se muito dependente de medicamentos. O consumo de remédios nos Estados Unidos e no mundo está, visivelmente, na maior alta da história. Embora todas as drogas tenham sido testadas para comprovar-se que oferecem algum benefício, todas contêm um risco inerente. Reações adversas e graves às drogas são a quarta maior causa de morte nos Estados Unidos. É verdade: medicamentos devidamente receitados e administrados são responsáveis por mais de 100 mil mortes e 2 milhões de internações todos os anos nos Estados Unidos. Grande parte do risco inerente aos medicamentos se deve ao estresse oxidativo que eles podem causar. Mais de 70 doenças degenerativas crônicas resultam diretamente dos efeitos “tóxicos” do oxigênio. Em outras palavras, a causa primária dessas doenças é o estresse oxidativo. As ciências médicas nos demonstraram que a causa subjacente dessas doenças terríveis, que todos tememos com o avanço da idade, é o insuspeitado lado negro do oxigênio. Se já mandou consertar um carro velho, você já testemunhou os efeitos prejudiciais da ferrugem. Ela pode enfraquecer e desintegrar um dos materiais mais fortes da Terra: o metal. E, como um veículo abandonado em campo aberto, nossos corpos começam literalmente a enferrujar se não forem protegidos. Uma lenta corrosão tem início em nosso corpo e, como um ponto fraco no metal, a parte que ceder primeiro determinará o tipo de doença degenerativa que poderemos desenvolver. Felizmente, nosso corpo não possui apenas um tremendo sistema defensivo antioxidante; ele também possui um notável sistema de reparo. O próximo capítulo explica como essa unidade MASH consegue reparar as inevitáveis baixas da guerra sendo travada em cada célula de nosso corpo.
PARTE II – VENCENDO A GUERRA INTERIOR
QUATRO
Nosso Sistema de Reparo: A Unidade MASH SEMPRE HAVERÁ BAIXAS NA GUERRA. E A GUERRA QUE SE TRAVA EM NOSSOS CORPOS não é diferente. Apesar de nossos excelentes sistemas defensivos antioxidantes, o inimigo consegue miscuir-se e lesar lipídeos (gorduras), proteínas, paredes celulares, paredes vasculares e mesmo o núcleo de DNA da célula. Muitos centros de pesquisa confirmaram a existência de sistemas de reparo e de remoção de danos para qualquer proteína, lipídeos da parede celular ou DNA oxidado (danificado por radicais livres). Para dizer de maneira simples, nossos corpos possuem uma sofisticada unidade MASH de última geração. Quando era um jovem médico, eu sabia da grande possibilidade que havia de ser convocado a integrar a unidade MASH na Guerra do Vietnã. Durante meu estágio na Faculdade de Medicina da Universidade do Colorado, a maior parte dos residentes havia estado no Vietnã, e a maioria dos internos se encontrava a caminho. Mas ocorreu que, na época em que concluí meu período como interno, a guerra tinha praticamente acabado e o projeto já não estava em vigor. Embora jamais tenha ido ao Vietnã, lembro-me do filme M*A*S*H, com todos aqueles soldados feridos sendo resgatados por helicóptero. As cirurgias tensas e frenéticas que se seguiam na tentativa de curar os soldados ainda estão vivas em minha mente. Você sabia que essa mesma situação tem lugar diariamente em nossos corpos? Temos uma sofisticada equipe de enfermeiros de triagem, anestesiologistas e cirurgiões ocupada em reparar os danos causados pelos radicais livres que nosso corpo produz. Em nossos corpos há tanto um sistema de reparo direto como um de reparo indireto. A verdade é que não sabemos muito sobre o sistema de reparo direto; que ele existe, porém, é algo bem documentado. A maior parte de nossos conhecimentos concentra-se, antes, no sistema de reparo indireto. No campo dos serviços de saúde, os enfermeiros de triagem são aqueles que avaliam os pacientes para determinar qual se encontra em estado mais crítico e será atendido primeiro pelo médico. Estudos extensivos revelaram que os “enfermeiros de triagem” reconhecem partes danificadas das células em nossos corpos e então as reparam. O corpo não remenda simplesmente essas células; na verdade ele as esfacela por inteiro e então as reconstrói a partir do zero. Incrível, não é mesmo? Proteínas danificadas tornam-se proteínas novas em folha, feitas com aminoácidos reciclados. O corpo repara gorduras e DNA alterados de maneira similar. É fundamental que você saiba que o corpo possui uma notável capacidade inerente de curar a si mesmo. Quando reflito sobre a natureza complexa desse sistema de reparo e nas funções da célula, sei, para além de qualquer dúvida, que esse não é um ato casual da natureza. Durante meu primeiro ano na faculdade de medicina, estudei a anatomia e a função dos olhos. Conforme observava a complexidade da estrutura, percebia que esse objeto jamais poderia se formar como resultado de um acaso acidental e da seleção aleatória. A própria retina é composta de doze intrincadas camadas e bilhões de células especializadas. As hastes e cones da retina reúnem as ondas de luz e enviam essas mensagens ao cérebro. Nosso cérebro interpreta esses impulsos e cria nossa visão em cores vívidas, animadas, plenas. Pare um minuto para olhar pela janela mais próxima e extasie-se com o dom da visão. Isso não é acidente – é uma engenhosa criação! A mesma ideia me ocorre agora, enquanto estudo os notáveis sistemas imunológico e de defesa antioxidante do corpo. Não tenho a menor dúvida de que Deus seja nosso verdadeiro Curador. “Renderei graças a Ti, porquanto sou temente e maravilhosamente feito”, exclamou Davi. Deus criou um magnífico “terno de terra” que devemos proteger e nutrir. A melhor defesa contra o desenvolvimento de doenças degenerativas crônicas é proporcionada por nosso próprio corpo, e não pelas drogas que prescrevo. Pesquisadores bioquímicos são hoje capazes de estudar as operações e complexidades internas de cada célula de nosso corpo. A célula não é somente uma concha contendo um gel macio e consistente, como acreditavam muitos dentre os primeiros evolucionistas. Em vez disso, é repleta de estruturas sofisticadas, códigos genéticos e sistemas de transporte que sustentam a vida por meio de elaboradas reações bioquímicas. Quando vejo uma caneta-tinteiro, tento imaginar que um resquício de plástico, metal e tinta esteve inerte por milhões e milhões de anos, e então, de súbito e por acaso, formou acidentalmente essa caneta. Mas então reflito: Talvez alguém a tenha feito! O corpo humano é uma criação profundamente complicada, e os segredos que estamos descobrindo sobre como ele opera e funciona o tornam ainda mais incrível.
Uma vez que houver compreendido o conceito de estresse oxidativo e seus efeitos deletérios sobre seu corpo, você desejará saber o que fazer para alcançar a vitória sobre ele. E desejará saber como ter a bordo uma quantidade suficiente de antioxidantes e seus nutrientes de apoio para lidar com os radicais livres que seu corpo produz. Por mais simples que isso pareça, trata-se de um conceito revolucionário no que se refere a nossa saúde. Quanto mais capazes formos de prevenir ou retardar essas doenças degenerativas crônicas, mais aptos estaremos a gozar de boa saúde.
Dando aos Pacientes uma Escolha. Os MÉDICOS SE CONCENTRAM EM DOENÇAS. ESTUDAMOS DOENÇAS. PROCURAMOS doenças.
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“Em minha suplementação diária, procuro não usar polivitamínicos, faço uso separado de cada um dos complementos. Como: vitamina C, vitamina E, vitamina A, betacaroteno, ácido fólico, os cofatores B (B1, B2, B6, B12) complexo B…Também, não uso suplementos em forma de gel, mais em forma de medicamentos em razão de confiabilidades dos produtos”.
Espero, sinceramente, que adquiram o livro e recomendem em seu ceio familiar, de amizade, de trabalho…, mudou completamente meu conceito de estar saudável.