1. OBJETIVO
Avaliar o nível de autonomia ventilatória de pacientes com diagnóstico de doença neuromuscular – DNM
2. CAMPO DE APLICAÇÃO
Equipe de Fisioterapia
3. SIGLAS / DEFINIÇÃO:
DNM = Doença Neuromuscular
T90% = tempo de sono com saturação periférica de oxigênio abaixo de 90%
SpO2 = Saturação Periférica de Oxigênio, %
PEF = Pico Expiratório de Fluxo, L/min
CPT = Capacidade Pulmonar Total, L
CVF = Capacidade Vital Forçada, L
RV = Volume Residual, L
CIM = capacidade de insuflação máxima, L
PImáx = pressão inspiratória máxima, cmH2O
PEmáx = pressão expiratória máxima, cmH2O
ELA = Esclerose Lateral Amiotrófica
VNI = Ventilação Não-Invasiva
4. RESPONSABILIDADES
Grupo de Assistência ao paciente com DNM
5. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES
Conceito:
A avaliação funcional ventilatória possibilita a elaboração de condutas preventivas, de prognóstico, a definição do grau de autonomia ventilatória e do nível de assistência/treinamento necessário para o paciente e sua família. Essa avaliação está relacionada a melhor aplicação e utilização de recursos
terapêuticos que visam prolongar, com qualidade de vida, a sobrevida do paciente.
RESPONSÁVEL PELA PRESCRIÇÃO:
Médico e Fisioterapeuta
RESPONSÁVEL PELA EXECUÇÃO:
Médico e Fisioterapeuta
FINALIDADE:
Proporcionar a padronização da avaliação do sistema respiratório de pacientes com DNM e nortear as condutas terapêuticas
INDICAÇÕES:
Pacientes com diagnóstico de DNM
MATERIAL:
Manovacuômetro
Espirômetro e/ou ventilômetro
Peak Flow
AMBU
Oxímetro digital com memória
Bocal
DEFINIÇÕES
Pressões Respiratórias (PImáx e Pemáx): avaliação das pressões geradas na abertura das vias aéreas
pelo sistema muscular respiratório inspiratório e expiratório.
Capacidade Vital Forçada (CVF): avaliação do volume máximo de gás expiratório que o paciente é capaz de exalar após uma inspiração máxima. A CVF é um marcador da função muscular em pacientes com DNM sendo associada à hipoventilação noturna e necessidade de ventilação não-invasiva quando valores < 50% do previsto são observados3
. Outra associação encontrada é entre disfunção diafragmática e a diferença do valores da CVF obtidos em diferentes posições (sentada – supino > 25% = disfunção diafragmática)
Pico de Fluxo de Tosse: avaliação do pico máximo de fluxo expiratório que o paciente é capaz de gerar após uma inspiração máxima. Essa aferição pode ser realizada com e sem auxílio. Há correlação positiva entre pico de tosse e sobrevida determinando assim a importância desse marcador. Valor abaixo de 270 L/min determina aumento de risco de complicações associadas à infecção respiratória e abaixo de 160 L/min incapacidade para tosse 4
. A variabilidade do fluxo medido não deve exceder 5% entre as medidas. O pico de fluxo de maior valor será então computado.
Saturação periférica da hemoglobina pelo oxigênio (SpO2): porcentagem de ligação Hb + O2 em relação a toda hemoglobina disponível no sangue arterial, seu valor de normalidade é > 95% (ar ambiente). A dessaturação noturna (SpO2 < 95% por um minuto ou mais) é considerada marcador de hipoventilação e também é associada à sobrevida de pacientes com ELA3
.
DESCRIÇÃO DAS TÉCNICAS
PImáx e PEmáx1
:
– Posicionar o paciente sentado;
– Conectar o paciente ao manovacuômetro por meio do bocal e colocar o clipe nasal;
– Obter as pressões máximas inspiratória e expiratória apartir da CPT e do RV, respectivamente. O esforço inspiratório e expiratório máximo deve durar 1 segundo e a variabilidade da pressão medida não deve exceder 5% entre as três medidas aferidas. A contração muscular, dentre três tentativas, de maior valor será então computada.
Espirometria/Ventilometria:
– Posicionar o paciente na posição sentada e em seguida em decúbito dorsal;
– Conectar o paciente ao espirômetro/ventilômetro por meio do bocal e colocar o clipe nasal;
– Obter os valores absolutos da CVF e do PEF e os valores percentuais relativos aos valores previstos
Oximetria Noturna:
– Habilitar o oxímetro para gravação durante todo período de sono do paciente para avaliação da SpO2(%).
Resultados Esperados:
– Otimizição do processo de avaliação funcional;
– Definição do distúrbio noturno de ventilação;
– Formalização da indicação de suporte ventilatório não-invasivo
em pacientes com insuficiência respiratória devido à DNM
CUIDADOS ESPECIAIS:
– Observar as contra-indicações absolutas para VNI;
– Avaliação do controle da glote;
– Observar a presença ou não de outras co-morbidades como causa de dessaturação ou hipoventilação noturna (ex. ICC, DPOC, SAOS, etc.)
6. FLUXOGRAMAS
7. ANEXOS
8. FORMULÁRIOS UTILIZADOS
9. REFERÊNCIAS:
1) Neder JA. et al. Braz J Med Biol Res 1999; 32(6):719 – 27.
2) American Thoracic Society. Lung function testing: Selection of reference values and interpretative
strategies. Am Rev Respir Dis 1991; 144(5):1202 – 18.
3) Miller RG., Jackson CE., Kasarskis EJ. et al. Neurology 2009;73;1218 – 34
4) Boitano LJ. Management of Airway Clearance in Neuromuscular Disease. Respir Care 2006; 51(8):913 –22