O profissional da gasoterapia é especializado no acompanhamento de tratamentos terapêuticos com gases medicinais, que envolvem a utilização de respiradores artificiais, carrinho de anestesia, materiais de oxigenoterapia, tanques e cilindros, entre outros, os quais necessitam de cuidados específicos e constante revisão, atividades que fogem à alçada de auxiliares de enfermagem, enfermeiros, auxiliares de serviços gerais e seguranças de hospitais.
O caso da UTI do hospital de Santa Maria expôs a gravidade da falta desse profissional, que é substituído na rede pública de saúde por profissionais de outras áreas como: motoristas, seguranças e auxiliares de serviços gerais no caso de Santa Maria.  
 
A origem dos serviços de gasoterapia, no Brasil, remonta ao final da década de 1940, pelo empenho do Dr. Edgard T. Sant’Anna que, entre os anos de 1947 a 1949, se dedicou a estudar em Buenos Aires o uso gases para fins medicinais. Nessa época, o Dr. Sant’Anna, viajou para os Estados Unidos, onde manteve contato como Dr. Alvam Barach, considerado o “pai” da gasoterapia. Esse contato foi essencial para atualização do serviço de gasoterapia no Brasil, em relação aos conhecimentos, práticas e perspectivas do uso de gases para fins medicinais. 

 

Em 1949 de volta ao Brasil, o Dr. Sant’Anna montou em São Paulo sua clínica de gasoterapia, com instalações comparáveis às dos serviços de instalados em Nova York, e promoveu os dois primeiros cursos sobre gasoterapia, inicialmente dirigidos a médicos e técnicos. Esses cursos procuraram fornecer conhecimentos básicos  em medicina, física, mecânica e química envolvidos no serviço de gasoterapia, assim como se preocuparam com a formação de técnicos especializados na manipulação dos aparelhos médicos hospitalares. 

Apesar do grande interesse da área médica em adquirir conhecimentos mais precisos sobre o uso dos gases na terapêutica, até hoje não há curso regular visando à formação de técnicos capacitados a trabalhar com equipamentos e acessórios para gases medicinais. Os cursos de aperfeiçoamento em gasoterapia, eventualmente promovidos pelas instituições hospitalares, não contribuem para a formação regular básica de técnicos e de auxiliares em equipamentos e sistemas de gasoterapia, profissionais de características distintas da enfermagem. 

Essa situação dificulta a profissionalização e o aprimoramento na prestação dos serviços. Em termos de formação profissional o Técnico de Equipamentos e Sistemas de Gasoterapia deve abranger o estudo teórico-prático dos seguintes tópicos: 
 
– noções básicas sobre anatomia da respiração humana; 
– noções básicas sobre gases medicinais; 
– conhecimentos básicos sobre programa de segurança exigido na área; 
– conhecimentos básicos em limpeza e desinfecção hospitalar; 
– conhecimentos básicos em ventiladores pulmonares e aparelhos de anestesia; 
– noções básicas de química, física, mecânica dos fluidos; 
– conhecimento para verificação das condições de fornecimento de gases medicinais nas fontes                          
(tanto em redes como em cilindros de alta pressão); 
– conhecimento para recebimento de gases  medicinais e outros materiais, observando a quantidade e a qualidade dos produtos entregues pelos fornecedores; 
– conhecimento para retirar equipamentos que não estejam sendo usados por pacientes, visando procedimentos de limpeza e de manutenção; 

Assim, na formação básica, o Técnico em Gasoterapia deve adquirir conhecimentos nas áreas de: 

– anatomia e fisiologia do aparelho respiratório; 
– anatomia e fisiologia do aparelho circulatório; 
– procedimentos inalatórios; – segurança em gases medicinais; 
– pneumática básica; 
– ventilação pulmonar avançada; 
– equipamentos de anestesia avançados; 
– instalação e teste de equipamentos; 
– manutenção preventiva dos equipamentos e aparelhos; 

A presença do técnico em gasoterapia pode ser identificada como obrigatória em atividades realizadas em setores internos e externos às unidades de saúde: 

UNIDADES INTERNAS 

Centros Cirúrgico e Obstétrico: 

– Revisão, calibração e limpeza diária e troca de cal sodada nos aparelhos de anestesia. 
– Montagem e troca de acessórios de ventilação 
– Instalação e montagem de equipamentos de monitorização 
– Montagem de bandejas de intubação 
– Auxilio ao Anestesiologista durante a indução anestésica Montagem de equipamento de 
ventilação artificial e acompanhamento no transporte de pacientes 
Repouso pós-anestésico e pós-operatório: 
– Revisões diárias em painéis de gases medicinais e pequenos reparos 
– Montagem e troca de equipamentos de oxigenoterapia e inaloterapia  
– Montagem e adequação de equipamentos de monitorização de paciente 
– Montagem e instalação de aparo de vent. artificial se necessário 
– Apoio no transporte de paciente sob ventilação mecânica 

Centro Cirúrgico e U.T.I. de Queimados: 

– Revisão, calibração e limpeza diária e troca de cal sodada nos aparelhos de anestesia. 
– Montagem e troca de acessórios de ventilação 
– Montagem de bandejas de intubação 
– Auxilio ao Anestesiologista durante a indução anestésica 
– Montagem e instalação de equipamentos de ventilação artificial 

Unidades de Terapia Intensiva Adulta I e Pediátrica: 

– Checagem diária em painéis elétricos e de gases e pequenos reparos 
– Instalação e calibração de válvulas reguladoras de pressão de gases 
-Montagem e instalação de equipamentos de oxigenoterapia e inaloterapia Montagem, 
instalação e calibração de equipamentos de ventilação artificial. 
– Oxitendas, vapor-jet, luva estimuladora, funil 02/Ar, capacetes Montagem e instalação de equipo de ventilação artificial
– Apoio no transporte de paciente com o uso de oxigênio
– Apoio técnico em situações de urgência médica

UNIDADES EXTERNAS Hospital Dia e R.P.O. 

– Revisões diárias em painéis de gases medicinais 
– Revisão, montagem, limpeza e calibração diária em apar. de anestesia 
– Montagem de bandejas de intubação e aux. ao anestesiologista 
– Fornecimento imediato de equipamentos de oxigenoterapia e inaloterapia 
– Montagem e adequação de equipamentos de monitorização 
– Montagem, instalação e calibração de equipo de ventilação artificial 
– Apoio no transporte de paciente sob ventilação artificial 

Clinica Cirúrgica I e 11: 

– Revisões diárias em painéis de gases medicinais e pequenos reparos 
– Revisão e instalação de saídas duplas ou triplas, fluxômetros, válvulas, etc. 
– Montagem einstalação de equipamentos de inaloterapia 
– Apoio em possíveis intercomunicas de P.C.R. 
– Apoio no transporte de pacientes sob ventilação artificial 
Sala de Emergencia: 
– Revisões diárias em painéis de gases e realização de pequenos reparos 
– Instalação de saídas múltiplas, fluxômetros, válvulas reguladoras, etc. 
– Montagem e instalação de equipo de ventilação artificial 
– Fornecimento imediato de equipamentos de oxigenoterapia e inaloterapia 
– Apoio no transporte de paciente sob ventilação artificial 
Sala de Inaloterapia: 
– Revisões diárias em painéis de gases e pequenos reparos se necessário 
– Instalação de equipamentos 
– Apontamento e trocas de cilindros se necessário 
– Fornecimento e recolhimento de inaladores para desinfecção 

Ambulâncias: 

– Revisões diárias e controle dos gases medicinais (cilindros) 
– Instalação e checagem dos equipamentos de monitorização 
– Revisão e teste diários nos equipo de ventilação artificial 
– Reposição de equipamentos de inaloterapia e oxigenoterapia 

Central de Materiais Esterilizados: 

– Recebimento e conferência de matérias da gasoterapia 
– Montagem, empacotamento de acessórios de inaloterapia e oxigenoterapia. 
– Controle de entrada e saída para esterilização de materiais da gasoterapia 
– Controle de estoque de materiais da gasoterapia. 

O Técnico em Gasoterapia desenvolver suas especializações abrangendo, sob a supervisão de profissional fisioterapeuta com experiência na área de gasoterapia, o manejo dos equipamentos e sistemas utilizados nas diversas áreas de atuação do serviço. 

O setor público é o que mais emprega o Técnico de Gasoterapia. Atualmente há mais de 700 profissionais distribuídos por  diversas unidades de saúde, hospitais municipais, hospitais estaduais, hospitais filantrópicos. Na maioria  dos casos, esses técnicos trabalham isolados, sem uma rotina comum de serviços, sem uma política administrativa e coordenadora definida, quer no plano salarial quer no da qualificação técnica e do melhor aproveitamento de seu potencial profissional. Essa situação se tem mantido praticamente inalterada ao longo de diversos governos estaduais e municipais. O isolamento e a desagregação acabam acirrando as deficiências de nível técnico dos profissionais de gasoterapia que estão no mercado de trabalho: são poucas as iniciativas de discussão conjunta e de aperfeiçoamento profissional. 
 
No setor privado (hospitais, clínicas, empresas) há cerca de 400 profissionais na Capital de São Paulo, operando sistemas e equipamentos de gasoterapia, igualmente de forma autônoma e isolada, sem a coordenação de um profissional de nível superior habilitado e qualificado. 
Embora no setor privado os salários sejam mais compensadores e não ocorra ociosidade, persistem as dificuldades para a formulação de plano de cargos para a função, decorrentes da falta de identidade da carreira. 

A situação atual mostra um quadro confuso, em que ao lado de profissionais que se sobressaem por dedicação e esforço pessoal, atuam profissionais sem qualquer qualificação ou parcialmente qualificados, cujo aperfeiçoamento depende do reconhecimento da qualificação profissional e do estabelecimento de um perfil para o técnico de gasoterapia. 
O técnico em gasoterapia, nomenclatura que parece ser a mais adequada para os profissionais que exercem as funções de operador de cilindros de alta pressão, de nebulizadores, de aparelhos de anestesia, de ventiladores mecânicos, entre os diversos equipamentos e acessórios de controle hospitalar e segurança. Assim não se confunde com o terapeuta, pois não prescreve nem executa terapias com gases medicinais (atribuição restrita aos fisioterapeutas e médicos). 

Apesar das dificuldades, entretanto, o campo de trabalho é promissor, especialmente para os que apresentam uma qualificação básica como a oferecida em alguns cursos de aperfeiçoamento em Gasoterapia. Afinal, em apenas 8% a 10% das instituições públicas da cidade de São Paulo estão lotados aproximadamente 550 desses profissionais. E é um campo muito importante na área da saúde, tanto ao nível de economia, segurança e qualidade hospitalar, que vem crescendo com o decorrer do tempo. 

Uma central de gasoterapia, gerenciada por fisioterapeuta habilitado na área, não prescinde do desempenho de técnicos qualificados no manuseio, distribuição e instalação dos equipamentos que requerem para seu funcionamento fluidos medicinais. Com isso se evita o sucateamento precoce dos equipamentos hospitalares, proporcionando segurança, economia e qualidade aos usuários e profissionais da área médica. 

É, portanto, um serviço essencial de apoio  a terapia através de equipamentos e gases medicinais, coordenado por Fisioterapeuta. Realizado por técnicos qualificados e habilitados voltados para apoiar equipes multidisciplinares no manuseio e instalação de equipamentos que requerem conhecimentos técnicos para seu funcionamento com o uso de fluidos medicinais.